

A primeira tentativa para falar sobre estes desenhos de Agostinho Santos, levou-me inevitavelmente a colocar a obra ao nível do seu autor, recordar o seu percurso nas diferentes áreas de intervenção, já que falamos de uma trajectória de vida que cruza diversas experiências, ricas de narrativas de vivências do quotidiano, não fosse Agostinho Santos também jornalista.
Segundo o autor, a relação viva com a vida, a angústia do quotidiano, não podem deixar indiferente o criador. As imagens são poderosas, de um uso da vida mediado por uma espécie de lógica do observador, daquilo que vai perspicazmente anotando como tarefa diária, de forma quase sempre espontânea e que posteriormente se exterioriza sob a aparência de manifesto narrativo. Manifesto esse capaz de possibilitar múltiplas leituras, construindo uma coerência de imagens a partir de associações mais ou menos possíveis, entre o universo enquanto pessoa, e as obras que apresenta. O vinculo umbilical que mantém com a literatura e poesia, a sua ligação ao trabalho de vários poetas e escritores, remete-nos para territórios onde as palavras se encontram com as imagens, a linguagem escrita toma figuração e partilha da mesma força.
Texto de Paulo Moreira | 2012
15 setembro . 27 outubro 2012
agostinho santos | desenho
floresta submissa
















por Paulo Moreira